Os Tentaculos da CIA
A essa altura,
porém, a CIA já passara a controlar o assunto e as investigações
caíam todas em ponto morto. E, como todos sabemos, a CIA procura
controlar as investigações, a fim de evitar que elas
transcendam os meios científicos. Para tanto, uma das recomendações
impostas pela CIA exigia um sistemático "descrédito dos
discos voadores". O objetivo desse "descrédito",
segundo consta do Relatório Robertson, consultado pelo cientista
James MacDonald, do Instituto de Física Atmosférica da
Universidade do Arizona (e logo rigorosamente censurado pela CIA),
consistia em "reduzir o interesse público pelos discos
voadores". E assim, aquele que é, sem dúvida, "o
maior problema científico dos nossos tempos", para usar as
palavras do próprio professor MacDonald, foi relegado à
categoria de embuste, criando-se uma psicose de logro e ridículo
que ainda perdura, mas que começa a dissipar-se graças ao
trabalho de investigadores sérios.
Nenhuma medida tinha sido prevista para fazer desaparecer os
arquivos comprometedores, e MacDonald estudou tudo detalhadamente.
Descobriu que as conclusões a que se chegava não tinham sido
aprovadas por Hynek, que se negou a apoiá-las, e que, ao mesmo
tempo, o problema era classificado como segredo militar rigoroso.
Além disso, uma ordem tinha sido emitida aos responsáveis do
Projeto "Blue Book": deviam desmentir sistematicamente
toda denúncia de qualquer observação conhecida pelo público.
Por fim, um exame profundo dos casos fez ver a MacDonald que a
finalidade evidente do projeto não era estudar as observações,
e sim convencer as testemunhas de que não haviam visto nada e
persuadir o público de que tudo não passava de uma fantasia.
Quando alguém via algo, não era examinado no tocante ao que
tinha sido realmente visto ou acreditava ter visto, e sim quanto
às suas opiniões sobre o assunto -- ou seja, evitava-se
deliberadamente ir ao fundo da questão.
MacDonald que, a princípio, não se interessava pelos OVNI's,
estupefato ante tais descobertas, concluiu que o seu dever, como
cientista, era falar. O que o levara a examinar os arquivos da
Força Aérea era a curiosidade de um especialista de física
atmosférica interessado numa documentação sobre o assunto. O
que encontrou foi muito diferente. Não obstante, sem dar a
conhecer suas intenções, fez abundantes anotações e logo
pediu fotocópias. A Força Aérea lhe respondeu que, para isso,
fazia-se necessária uma autorização. Solicitou-se a
Quintanilla, que a pediu; a permissão, porém, foi negada pela
CIA que, além disso, cancelou a oferta feita aos cientistas e
resolveu proibir novamente o acesso aos arquivos da Força Aérea
. Convidaram-se as universidades a participar da investigação,
mas a Força Aérea exigia o direito de continuar a exercer o
controle sobre o assunto, enquanto a CIA continuava a comandá-lo
-- e assim procurava-se convencer a opinião pública de que não
havia nada, eliminando-se definitivamente a curiosidade dos
cientistas, de modo a que o tema OVNI passasse a ser assunto dos
serviços de informações.
Tudo isto perdurou até a entrada em cena de Edward Condon,
membro da Academia Nacional de Ciências e eminente físico, que
tinha sido um dos diretores do Projeto Manhattan, do qual saiu a
primeira bomba atômica, e que foi designado presidente da comissão
convocada para dar a palavra final sobre o assunto. Infelizmente,
a Comissão Condon, reduzida a uma equipe de competentes psicólogos
sob a direção do mais eminente deles, o Dr. Wertheimer,
terminou, por alguma razão não especificada, por preferir
desviar-se pela tangente psicológica -- ou seja, afirmou que o
fenômeno dos Ovnis nada mais era que um fenômeno psicológico,
explicado em parte por certas particularidades da percepção
humana.