Para
Segundo maior
estado brasileiro em área, o Pará é o mais populoso da Região
Norte, abrigando quase a metade de seus habitantes. Cortado pela
linha do Equador, tem predomínio do clima quente e úmido. A
capital, Belém, guarda tradições dos colonizadores portugueses,
como a devoção a Nossa Senhora de Nazaré. Todo mês de outubro,
cerca de 1,5 milhão de pessoas participam da procissão do Círio
de Nazaré, a mais importante festa religiosa do estado.
Na ilha de Marajó, a maior ilha fluvio-marinha do mundo, o rio
Amazonas encontra-se com o oceano Atlântico. Além de espécies
raras da fauna e da flora, a ilha abriga o maior rebanho de búfalos
do país. A influência indígena está presente na cerâmica
marajoara, que tem como principal característica o desenho geométrico
em vermelho e preto. São também de origem indígena os
ingredientes dos principais pratos típicos do estado, como a
maniçoba, uma espécie de feijoada.
Nas florestas paraenses encontram-se espécies nativas que
fornecem produtos tradicionais, como a castanheira-do-pará, a
seringueira e o açaí. A exploração da castanha, durante décadas,
manteve-se como uma das mais importantes atividades econômicas
do estado. Hoje, o setor mais promissor é a mineração. Além
de enormes jazidas de ferro, o Pará possui reservas de cobre,
manganês, bauxita e ouro. O garimpo de Serra Pelada, que durante
sua fase mais produtiva reunia milhares de garimpeiros, teve suas
reservas esgotadas em virtude da exploração descontrolada. Em
1996 é anunciada a descoberta de uma das maiores jazidas de ouro
do mundo, em Serra Leste, vizinha a Serra Pelada. Explorada pela
Companhia Vale do Rio Doce, possui cerca de 150 toneladas de ouro.
Carajás e Tucuruí Um dos maiores empreendimentos
oficiais no Pará é o projeto Carajás. O minério de ferro,
extraído da serra dos Carajás e explorado pela Companhia Vale
do Rio Doce, é exportado pelo Porto de Itaqui, no Maranhão.
Outro investimento de grande porte é a Hidrelétrica de Tucuruí,
no rio Tocantins, que impulsionou a instalação de indústrias
no estado e fornece eletricidade para parte da Região Nordeste.
Em 1998, Tucuruí recebe recursos para a construção de nova
linha que levará energia até a região do Baixo Tocantins e ao
oeste do Pará, beneficiando cidades importantes como Santarém.
A conclusão das eclusas de Tucuruí deve possibilitar a
reabertura da ligação fluvial (interrompida desde 1984) entre
Marabá e Belém. Esse trecho de hidrovia permite o escoamento da
produção do sul e do sudeste paraenses em direção ao Porto de
Barcarena, próximo à capital.
A implantação de projetos de colonização e a política de
incentivos a grandes empreendimentos, como Carajás, Tucuruí e
Serra Pelada, atraem recursos e migrantes à região, mas também
provocam graves danos ambientais à floresta Amazônica. A mata
que já teve uma redução de cerca de 15% de sua formação
original de 1,1 milhão de km² perde em média 6.100 km²
ao ano, segundo relatório de 1997 do Inpe e do Ibama. A devastação
é sobretudo resultado da ação das madeireiras. A decadência
das atividades extrativistas deixou um grande número de famílias
sem meios de garantir o sustento.
Concentração fundiária O problema social é agravado
pela alta concentração das terras. Os grandes estabelecimentos
(mais de 1.000 ha), que representam apenas 1,1% do total de
unidades, ocupam mais da metade da área total. Com isso se
intensificam os conflitos pela posse da terra, principalmente nas
zonas sul, sudeste e sudoeste do estado. Um dos mais graves
confrontos ocorre em abril de 1996, quando 19 trabalhadores sem-terra
são mortos por um grupo de policiais militares no município de
Eldorado dos Carajás. Em 1997 são registrados 60 conflitos pela
posse da terra, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra
(CPT). No sul do Pará está também a maior área de concentração
de trabalho escravo do país, que atinge cerca de 500
trabalhadores, de acordo com a CPT.
Agropecuária A economia paraense, que por muito tempo
esteve apoiada no extrativismo, ainda sofre as conseqüências do
desmatamento, principalmente ao longo de rodovias, como a
Transamazônica, e das formas predatórias de utilização dos
recursos naturais. A agricultura tem importância secundária na
economia e caracteriza-se pelo baixo padrão tecnológico: pouco
mais de 1% dos estabelecimentos possui tratores e apenas 7% dispõem
de energia elétrica. Entre 1985 e 1996 ocorre redução tanto na
produção como na área das principais lavouras. Já a pecuária
bovina, voltada principalmente para o corte, registra expansão.
Cresce também a avicultura, impulsionada pelo emprego de novas
tecnologias. O número de aves passa de 8,2 milhões para 15,9
milhões no período.
Nos últimos anos, o estado vem concedendo incentivos fiscais a
investimentos relacionados à agroindústria, como principal
estratégia para combater o desemprego. O turismo é outro setor
estimulado: além da flora e da fauna nativas, que favorecem o
turismo ecológico, muitos dos rios que cortam o Pará oferecem
ondas, praia e calor como à beira-mar. A ampliação do
aeroporto de Belém com cerca de 60% das obras concluídas
deve propiciar o crescimento do fluxo de turistas.
FATOS
HISTÓRICOS O Pará começa a ser efetivamente
colonizado com a fundação do Forte do Presépio, em 1616, na baía
de Guajará, junto à ilha de Marajó. Do forte nasce a cidade de
Belém, sede da capitania do Grão-Pará. A capitania inclui por
muito tempo toda a Amazônia e, por ser mais próxima de Lisboa
do que do Rio de Janeiro, mantém relação direta com a metrópole.
A região desenvolve-se voltada para a exploração dos produtos
do sertão, como madeira, resinas, ervas, condimentos e frutos,
com a utilização de trabalho indígena.
Logo após o Tratado de Madri, de 1750, que deu a Portugal
direito de posse sobre vasta área até então pertencente à
Espanha, começam a ser construídas fortalezas em pontos da
fronteira. Para dinamizar a economia regional, estimulando as
atividades agrícolas além do extrativismo, é fundada a
Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão em 1755.
Declínio do extrativismo Nas lutas da independência do
Brasil, o Pará tem papel destacado na derrota das forças
portuguesas. Mas o abandono no qual fica após a separação leva
a uma das mais violentas revoltas do Império, a Cabanagem, entre
1835 e 1840. De caráter popular, envolve os habitantes pobres
das cidades e vilarejos ribeirinhos, denominados cabanos, além
de índios, neros e mestiços. Os chefes cabanos formam um
governo revolucionário, mas são duramente reprimidos. A região
só volta a ter atenção do governo central na segunda metade do
século XIX, com a intensificação da extração da borracha.
Pará e Amazonas recebem investimentos que atraem milhares de
migrantes nordestinos. Como principais centros exportadores, Belém
e Manaus modernizam-se, estabelecendo relações comerciais com
os centros da Europa e dos Estados Unidos. Mas, com o declínio
do extrativismo nas décadas de 10 e 20, o Pará e toda a Amazônia
empobrecem.
No final dos anos 50, a abertura da rodovia BelémBrasília
inaugura a política de interiorização do desenvolvimento do
governo federal. Nos anos 60 e 70, a Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) leva à Amazônia Legal
incentivos para que grandes empresas invistam em agropecuária,
extração de minerais e madeira. O governo aplica recursos em
estradas, comunicações e usinas hidrelétricas.
GEOGRAFIA
Localização: centro da Região Norte.
Área:: 1.253.164,5 km².
Relevo: planície amazônica ao norte; depressões e pequenos planaltos.
Ponto mais alto: serra do Acari (906 m).
Rios principais: Amazonas, Tapajós, Xingu, Jari, Tocantins e Pará.
Vegetação: mangues no litoral, campos na Ilha de Marajó, cerrado ao sul e floresta Amazônica.
Clima: equatorial.
Municípios: 143 (1998).
Municípios mais populosos: Belém (1.173.534), Ananindeua (382.194), Santarém (242.081), Marabá (162.236), Castanhal (124.413), Abaetetuba (109.838), Itaituba (100.161), Cametá (91.718), Bragança (86.911) e Altamira (83.665) (est. 1998).
Rodovias: 34.345, Km.
Ferrovias: 368, Km.
Hora local: a mesma a leste do curso do rio Xingu; -1h no restante do território.
Habitante: paraense.
POPULAÇÃO: 5.768.476 (1998).
Densidade: 4,6 hab./km².
Crescimento demográfico: 2,2 % ao ano (1991-1996).
Crianças de 7 a 14 anos fora da escola: 7,2 % (1998).
Analfabetismo: 12,41 % (1996).
Mortalidade infantil: 36,45 por mil nascidos vivos (1996).
IDH: 0,703 (1996).
Escolas de ensino básico: 10.878.
Escolas de ensino médio: 224.
Escolas de ensino superior: 11.
Médicos: 4.525.
GOVERNO
Governador: Almir José de Oliveira Gabriel (PSDB) (reeleito em 1998).
Senadores: 3.
Deputados federais: 17.
Deputados estaduais: 41.
Eleitores: 3.220.778 (1998).
ECONOMIA
Participação no PIB: 1,32 % (1995).
Agricultura: mandioca (1.366.070 t), arroz (197.569 t), milho (137.696 t), feijão (25.023 t), cacau (15.062 t), pimenta do reino (12.537 t) e banana (10.592.000 cachos) (1996).
Pecuária: bovinos (6.080.431) e suínos (1.116.731) (1996).
Mineração: ferro (40.828.794 t), alumínio-bauxita (9.603.355 t), manganês (1.437.330 t) e ouro (18.167.011 g).
Indústria: extrativa mineral, madeireira e metalúrgica.
Arrecadação do ICMS: US$ 106.800.000,00.
Despesa orçamentária: US$ 298.600.000,00.
Receita orçamentária: US$ 287.100.000,00.
CAPITAL: Belém.
Habitante: belenense.
População: 1.173.534 (1998).
Prefeito: Edmilson Rodrigues (PT).
Fundada em: 12/1/1616.