Amazonas

Cortado pela linha do Equador, o Amazonas é o maior estado brasileiro em área e o segundo mais populoso da Região Norte, atrás do Pará. A floresta Amazônica, que possui a maior diversidade biológica do planeta, ocupa cerca de 92% da superfície estadual. É no Amazonas que se localiza o ponto mais alto do relevo brasileiro, o pico da Neblina, com 3.014,1 m, na serra do Imergi. Há também um parque nacional com o mesmo nome. Além do rio Amazonas, a região abriga os dois maiores arquipélagos fluviais do mundo – Mariuá e Anavilhanas. A natureza, no entanto, não é o único atrativo. Na capital, Manaus, há marcos arquitetônicos do período áureo da borracha, com destaque para o Teatro Amazonas – construído no final do século passado com materiais nobres vindos de várias partes do mundo.
O Amazonas tem baixa densidade demográfica e a maior parte da população vive à beira-rio. Os barcos são o principal meio de transporte, responsáveis pela comercialização de produtos e pela condução de passageiros. Nas áreas periodicamente alagadas é comum a construção de casas sobre palafitas.
O estado abriga o maior número de índios do país – 27,5% do total. Raízes indígenas e nordestinas transparecem na culinária da região, que tem no peixe a base de seus principais pratos, como a moqueca com postas de tucunaré ou surubim. Uma mistura do bumba-meu-boi do Nordeste com lendas indígenas marca o internacionalmente conhecido Festival Folclórico de Parintins, que se realiza em junho, a mais de 300 km de Manaus.
Na economia, a pesca e o extrativismo mantêm-se como atividades importantes: são coletados castanha-do-pará, borracha, guaraná, goma e piaçava. Com a abertura da economia para as importações, nos anos 90, Manaus vive uma crise econômica que provoca o fechamento de várias fábricas e alto índice de desemprego. O estado enfrenta, então, o desafio de descobrir novas alternativas econômicas para a Zona Franca de Manaus, que desde meados dos anos 80 se encontra em processo de decadência. Paralelamente, crescem os bolsões de pobreza, a ocupação desordenada e a especulação imobiliária.
O rápido crescimento populacional das últimas décadas não é acompanhado pelos investimentos necessários em infra-estrutura, saúde e educação, cuja situação precária persiste até hoje. No interior, esse quadro é ainda mais grave. Mais da metade dos domicílios não possui água encanada, abastecendo-se diretamente de rios, poços ou nascentes.
Exploração da madeira–Nos últimos anos, a exploração sustentada da floresta – que preserva a biodiversidade – vem sendo ameaçada. A chegada de madeireiras asiáticas à região, acusadas de não cumprir a legislação sobre exploração sustentada, que prevê a reposição das espécies retiradas, preocupa ambientalistas de todo o país. Cerca de 80% da madeira retirada da Amazônia é extraída de maneira ilegal e predatória, de acordo com um relatório da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), concluído em abril de 1997. Levantamento da Comissão Externa da Câmara dos Deputados, de dezembro de 1997, aponta que as madeireiras transnacionais, principalmente asiáticas, dominam o setor de exportação de madeira no estado, respondendo por cerca de 94% das exportações.
FATOS HISTÓRICOS – Até meados do século XVIII, quase toda a Amazônia pertencia legalmente à Espanha. Nesse longo período permaneceu praticamente desconhecida, visitada apenas por missionários e aventureiros, alguns enviados em expedições oficiais, como a de Pedro Teixeira, que em 1637 subiu o rio Amazonas, alcançando Quito, no Equador. Tanto os portugueses quanto os espanhóis só exploram as chamadas "drogas do sertão" – madeiras, resinas, ervas e condimentos –, que não chegaram a ter importância econômica significativa. Isso explica, em parte, a relativa facilidade com que a Espanha cede toda a imensa área a Portugal nas negociações do Tratado de Madri, de 1750. O tratado reconhece a presença euro-brasileira na maioria dos territórios desbravados, em processo de ocupação e exploração.
Nas décadas seguintes são construídas fortalezas para a defesa da região, transformada em capitania de São José do Rio Negro em 1757. Os padres jesuítas são substituídos por funcionários leigos na catequese e na educação dos índios. Com a independência, a capitania é integrada à província do Pará, envolvendo-se nas lutas da Cabanagem, entre 1835 e 1840. Em 1850, o governo imperial cria a província do Amazonas, com capital em Manaus, antiga Barra do Rio Negro. E, em 1866, quando começa a crescer a importância da borracha para a economia local, o rio Amazonas é aberto à navegação internacional.
Ciclo da borracha – Os seringais amazônicos passam a atrair dezenas de milhares de migrantes, sobretudo nordestinos, para a coleta do látex. Atraem também o interesse de grandes companhias estrangeiras, européias e norte-americanas. Entre 1890 e 1910, a produção de borracha do Amazonas corresponde a mais de 40% do total mundial. A população multiplica-se, a exportação da borracha chega a se igualar à do café – principal produto de exportação – e a economia cresce rapidamente. O estado começa a receber grande leva de migrantes. Em um período de quase 50 anos, a população aumenta de 57.610 (censo de 1872) para 1.439.052 habitantes (censo de 1920). Chamada de a "Paris dos Trópicos", Manaus transforma-se em uma metrópole de estilo europeu – é a segunda cidade do país a instalar iluminação elétrica. Esse desenvolvimento não dura muito. Já nas décadas de 10 e 20, em função da concorrência asiática, a borracha amazônica perde mercado e a economia regional entra em rápido declínio.
Zona Franca – A construção da rodovia Belém–Brasília, no final dos anos 50, é o primeiro passo para romper o isolamento e a estagnação econômica da região. Em 1967 é criada a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), com o objetivo de estabelecer um pólo industrial integrado ao complexo nacional pela redução dos impostos de importação e exportação. Contudo, os produtos tradicionais da região pouco ou nada participam desse modelo de industrialização, centrada na produção eletroeletrônica. O surto comercial e o desenvolvimento da hotelaria e do turismo provocam a criação de cerca de 100 mil novos empregos, impulsionando a economia. Entre 1965 e 1975, a renda anual do estado cresce 147%.
No início dos anos 70 começa a ser desenvolvido, por meio do Plano de Integração Nacional, um programa que prevê a construção de estradas, a ocupação planejada e o incentivo à instalação de empresas na região. É dessa fase a instalação de agrovilas que atraíram milhares de migrantes. O objetivo é "integrar para não entregar", já que os governos militares queriam garantir a ocupação brasileira numa região tradicionalmente cobiçada por outros países. O resultado desses projetos, porém, foi pouco relevante. O solo da região, depois da retirada das árvores, nem sempre se mostra adequado à agricultura. Grande parte das estradas é engolida pela floresta. A Transamazônica (BR 230), por exemplo, planejada para cruzar o estado de leste a oeste, conectando-o com a Região Nordeste, hoje é transitável apenas em um pequeno trecho durante a época seca. Sobrevivem alguns dos grandes empreendimentos madeireiros e agropecuários, muitas vezes causadores de problemas ambientais e conflitos com a população nativa.
A instalação da Zona Franca cria um vigoroso pólo de empregos, atraindo as populações rurais dos vales do Madeira, Purus e Solimões, e provocando grande concentração e expansão urbanas. A população de Manaus aumenta de 300 mil para 800 mil habitantes entre 1970 e 1985. Mas, em meados dos anos 80, a Zona Franca já começa a apresentar certo declínio, com corte de incentivos, queda de produção e baixa demanda de mão-de-obra.

Mapa do Amazonas

GEOGRAFIA

Localização: centro da Região Norte.

Área:: 1.577.820,2 km².

Relevo: depressão na maior parte; faixa de planície perto do Rio Amazonas e planaltos a leste.

Ponto mais alto: pico da Neblina, na serra Imeri (3.014,1 m).

Rios principais: Solimões, Amazonas, Juruá, Purus, Negro Içá e Japurá.

Vegetação: Floresta Amazônica.

Clima: equatorial.

Municípios: 62 (1998).

Municípios mais populosos: Manaus (1.224.362), Parintins (77.544), Manacapuru (69.301), Itacoatiara (68.625), Tefé (66.172), Coari (60.521), Maués (39.683), Manicoré (34.767), Tabatinga (33.827) e Iranduba (30.202) (est. 1998).

Rodovias: 5.740, Km.

Ferrovias: Não há.

Hora local: -1h a leste da linha Tabatinga-Porto Acre; -2h a oeste.

Habitante: amazonense.

 

POPULAÇÃO: 2.520.684 (1998).

Densidade: 1,59 hab./km².

Crescimento demográfico: 2,6 % ao ano (1991-1996).

Crianças de 7 a 14 anos fora da escola: 9,9 % (1998).

Analfabetismo: 9,33 % (1996).

Mortalidade infantil: 35,37 por mil nascidos vivos (1996).

IDH: 0,775 (1996).

Escolas de ensino básico: 3.838.

Escolas de ensino médio: 130.

Escolas de ensino superior: 5.

Médicos: 1.693.

 

GOVERNO

Governador: Amazonino Armando Mendes (PFL) (reeleito em 1998).

Senadores: 3.

Deputados federais: 8.

Deputados estaduais: 24.

Eleitores: 1.368.084 (1998).

 

ECONOMIA

Participação no PIB: 1,3 % (1995).

Agricultura: mandioca (843.595 t), milho (13.048 t), arroz (6.429 t), feijão (3.916 t), malva (2.594 t), guaraná (938 t) e banana (16.910.000 cachos) (1996).

Pecuária: bovinos (733.910) e suínos (230.803) (1996).

Mineração: estanho-cassiterita (20.883.000 kg), ferro (15.105 t/bruta) e ouro (934.000 g) (1996).

Indústria: eletroeletrônica, mecânica e de transporte.

Arrecadação do ICMS: US$ 123.800.000,00.

Despesa orçamentária: US$ 235.400.000,00.

Receita orçamentária: US$ 237.400.000,00.

 

CAPITAL: Manaus.

Habitante da capital: manauara ou manauense.

População: 1.224.362 (1998).

Prefeito: Alfredo Nascimento (PPB).

Fundada em: 24/10/1848.