Acre
Situado no
extremo oeste da Região Norte, o Acre faz fronteira com o Peru e
a Bolívia. Originalmente era coberto pela floresta Amazônica,
rica em seringueiras, das quais se extrai a borracha. No século
passado, no auge da exploração dos seringais, os nordestinos
foram os principais colonizadores do estado. Desse povoamento
ficaram marcas na culinária. Com pratos como bobó de camarão,
vatapá e carne-de-sol com macaxeira. Já o pirarucu de casaca e
a rabada ao tucupi vêm da forte herança indígena.
A comunicação e o transporte são bem precários. A maior parte
da população vive à beira-rio e a navegagem é o principal
meio de locomoção. Há poucas estradas, a grande maioria sem
pavimentação e nenhuma ferrovia. A mais importante rodovia que
passa pelo estado, a BR 364, liga os dois principais pólos econômicos:
a região do Alto Purus, com sede na capital, Rio Branco, e a do
Alto Juruá, centralizada em Cruzeiro do Sul. Cerca de 60% da
rodovia não é asfaltada e durante o período das chuvas, de
outubro a maio, muitos trechos ficam intransitáveis.
O desflorestamento na floresta Amazônica, que atinge uma média
de 433 km² por ano, destrói áreas nativas de extração de
borracha e castanha-do-pará, ameaçando a biodiversidade da
floresta. Dos 152.000 km² originais, a mata já perdeu 13.700 km²,
segundo o relatório de 1997 do INPA e do Ibama.
Na economia, além da borracha (em boa parte extraída de árvores
nativas), e da pesca, destacam-se as lavouras de subsistência. A
atividade agrícola registra baixo padrão tecnológico: apenas 1,2%
dos estabelecimentos possuem tratores e 12,2% dispõem de energia
elétrica. A pecuária bovina, destinada principalmente ao corte,
cresce 153% entre 1985 e 1996. A pequena indústria limita-se a
serrarias e engenhos de açúcar.
Tradicionalmente caracterizado como um estado de forte concentração
fundiária, nos últimos anos, porém, verifica-se uma tendência
à desconcentração. Entre 1975 e 1995, o número de grandes
estabelecimentos agropecuários (de 100 a 1.000 hab.) sobre o
total de terras diminui de 53,3% para 24,6%, à medida que cresce
de 43,3% para 74,1% a proporção das pequenas unidades (menos de
100 hab.). Em conseqüência, as disputas pela posse da terra
também diminuem. Durante o ano de 1997, dos 658 conflitos
registrados no campo, apenas sete ocorrem no Acre, de acordo com
o relatório Conflitos no Campo, da Comissão Pastoral da Terra.
FATOS
HISTÓRICOS O Acre é a última grande área a
ser incorporada ao território brasileiro. Pelos acordos de
limites do período colonial, confirmados no Império, essa área
pertencia à Bolívia, sendo uma pequena parte reivindicada pelo
Peru. No final do século XIX chegam à região migrantes
nordestinos, principalmente cearenses, fugindo da seca. A exploração
dos seringais e o povoamento da área por esses brasileiros dão
início a um grave conflito com os bolivianos.
As autoridades bolivianas reagem à presença brasileira nos
seringais, negociando seu arrendamento a uma entidade
internacional, The Bolivian Syndicate. Os brasileiros organizam
rebeliões armadas e garantem sua permanência. Essa disputa só
termina com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, por
Brasil, Bolívia e Peru. O Brasil compra a região dos bolivianos
e peruanos por 2 milhões de libras esterlinas e compromete-se a
construir a ferrovia Madeira-Mamoré, que liga as cidades de
Guajará-Mirim a Porto Velho, em Rondônia, hoje desativada.
Transformação em estado em 1904, por decreto do presidente
Rodrigues Alves, o Acre torna-se território federal, dividido em
três departamentos: Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruá, cujos
prefeitos são nomeados pelo governo federal. A partir de 1920, a
administração é centralizada em um governador, nomeado pelo
presidente da República. O declínio da extração da borracha e
a estagnação econômica aceleram o processo de exploração da
madeira e a devastação de grande parte da floresta Amazônica.
No período do milagre econômico, nos anos 70, o Acre recebe
investimentos em diversos setores, que atraem novas migrações e
contribuem para o aumento da população. Há crescimento da
economia, ainda essencialmente extrativista e dependente das
culturas de subsistência, como mandioca, arroz, feijão, milho e
banana.
Em 1988, com o assassinato do seringueiro e líder ecológico
Chico Mendes, a questão da defesa de um modelo de extrativismo
que não destrua a floresta ganha repercussão mundial.
GEOGRAFIA
Localização: extremo oeste da Região Norte.
Área:: 153.149,9 km².
Relevo: depressão na maior parte do território; planície estreita ao norte.
Ponto mais alto: serra do Divisor ou de Contamana (609 m).
Rios principais: Juruá, Xapuri, Purus, Tarauacá, Muru, Embira e Acre.
Vegetação: floresta Amazônica.
Clima: equatorial.
Municípios: 22 (1998).
Municípios mais populosos: Rio Branco (249.930), Cruzeiro do Sul (60.817), Feijó (24.164), Tarauacá (23.838), Sena Madureira (22.825), Senador Guiomard (13.971), Brasiléia (13.938), Xapuri (13.756), Plácido de Castro (11.971) e Epitaciolândia (10.012) (est. 1998).
Rodovias: 2.225, Km.
Ferrovias: Não há.
Hora local: -2h.
Habitante: acreano.
POPULAÇÃO: 514.050 (1998).
Densidade: 3,35 hab./km².
Crescimento demográfico: 3 % ao ano (1991-1996).
Crianças de 7 a 14 anos fora da escola: 8,8 % (1998).
Analfabetismo: 17,7 % (1996).
Mortalidade infantil: 49,48 por mil nascidos vivos (1996).
IDH: 0,754 (1996).
Escolas de ensino básico:1.245.
Escolas de ensino médio: 29.
Escolas de ensino superior: 1.
Médios: 205.
GOVERNO
Governador: Jorge Viana (PT).
Senadores: 3.
Deputados federais: 8.
Deputados estaduais: 24.
Eleitores: 318.955 (1998).
ECONOMIA
Participação no PIB: 0,14 % (1995).
Agricultura: mandioca (124.841 t), milho (27.795 t), arroz (119.937 t), feijão (5.368 t) e banana (3.445.000 cachos) (1996).
Pecuária: bovinos (847.208) e suínos (161.181) (1996).
Mineração: produção não-significativa.
Indústria: alimentícia, construção civil, madeireira e moveleira.
Arrecadação do ICMS: US$ 6.000.000,00.
Despesa orçamentária: US$ 91.800.000,00.
Receita orçamentária: US$ 83.700.000,00.
CAPITAL: Rio Branco.
Habitante: rio-branquense.
População: 249.930 (1998).
Prefeito: Mauri Sérgio de Oliveira (PMDB).
Fundada em: 28/12/1882.